31/08/2014

Domingos difíceis!

Qualquer gerente de bar de gins que se preze, garante que o consumo "comosenãohouvesseamanhã" desta bebida, não causa ressaca.
Até poderá ser verdade, não sei!... Seja como for, deixo uma sugestão milagrosa para domingos difíceis!


       

29/08/2014

Aniversários

Hoje há festa na família. Dupla! Parabéns primos!

Carpe Diem!



Almoço refrescante!

Quase no outono, os especialistas anunciam a chegada do verão.
Por isso, e para aproveitar o que tenho no frigorífico, improvisei um almoço refrescante.


CUBOS DE TOMATE CORAÇÃO DE BOI
ORÉGÃOS
JULIANA DE ALFACE
TIRAS DE CEBOLA
GRÃOS DE MILHO 
GRÃOS DE ARROZ COZIDO
QUEIJO RALADO
CUBINHOS DE OVO COZIDO
RODELINHAS DE AZEITONA
FOLHINHAS PICADAS DE SALSA
AMÊNDOA LAMINADA
(Sal ralado, fio de azeite e gotas de limão)

Bom apetite!

Poemas

Antes de adormecer estive a ler alguns poemas de Manuel António Pina, jornalista, poeta, escritor e amigo dos gatos. 

O eleito desta madrugada:

"Os lugares são
a geografia da solidão.
São lugares comuns a casa a cama."
                                        Manuel António Pina





Serralves

Após uma longa e desnaturada ausência, voltei a Serralves, ainda que para uma breve visita.
Só quando entrei, senti uma espécie de nostalgia. Percebi que afinal sinto algumas saudades da minha passagem curricular por tão prestigiada instituição.


Mas os vinte minutos que estive à conversa com a D deram para encurtar o saudosismo sentido. E também deram para perceber que algumas mudanças têm sido feitas, mas outras, infelizmente, não! Ficou a promessa de regressar para a semana para rever algumas caras que estão de férias. E também, como dizem os brasileiros, "jogar conversa fora"!


O calendário diz que é verão (embora não pareça); soube-me bem tomar um chá quente de menta acompanhado por uma deliciosa fatia de bolo de chocolate - sem farinha de trigo, porque, pelos vistos, passei a ser intolerante ao glúten!


Realmente é impressionante como aquele espaço faz esquecer que se está no meio de uma cidade. Porto, pois claro! É certo que é agosto, mas eu sei que é assim durante todo o ano. Só de quando em vez é que a passagem de um avião quebrava aquele silêncio, embalado pelo canto dos pássaros que ali habitam.


Hora, local e oportunidade ideais para quinze minutos de leitura: "Destino: Sul" de Mateus Brandão.


Aconselho vivamente!




Rainha



De regresso a casa, após uns dias de férias, finalmente apanhei a "rainha" desprevenida!
Sonolenta, é certo, mas apanhei-a!



Alfinete - feltro bordado - Oferta à Associação Patinhas

08/08/2014

"Até ao Fim do Mundo"

Hoje passei grande parte do dia a tentar organizar pastas, pastinhas, ficheiros, documentos e por aí fora, enfim, tudo o que tenho "enfiado" no computador. Cheguei à conclusão de que sofro de dependência de imagens, tal é a quantidade e diversidade que tenho guardadas. Então lembrei-me de um filme que vi há tempos atrás, o qual me proporcionou uma experiência estética. Na tentativa de perceber o porquê, fiz alguma pesquisa sobre o assunto. Partilho aqui uma pequena parte do texto que escrevi. 


"A imaginação conduz-nos muitas vezes a mundos que nunca fomos, mas sem ela não iremos a lugar nenhum."
Carl Sagan

Tenho em mim todos os sonhos do mundo."
Fernando Pessoa

Até ao Fim do Mundo é uma obra visionária que antecipa a realidade do século XXI. Uma realidade de sucessivas e intermináveis ilusões que parecem implorar por um retorno ao passado. Como muitos filmes dirigidos por Wim Wenders, Until the End of the World (1991) enfoca conceitos como os do amor, do desejo, da materialidade, da visão, do movimento... E revela uma inquietação narrativa sobre os elementos visuais, ao ponto de sugerir que apenas as histórias, pela leitura – logo pela imaginação – podem curar a dependência de imagens que devasta a cultura pós-moderna.
Mas porquê esta doença, esta necessidade, esta constante procura das imagens? Talvez o homem, pressionado por uma busca eufórica da perfeição, se tenha perdido chegando a um estado de confusão tal que as questões do belo, do feio, do bom, do mau, do gosto e da arte se esvaziam nos seus próprios conceitos. Porém, parece ser este o rumo natural da história do homem.
Desde os primórdios da humanidade que a imagem serve como meio vital para todas as atividades antrópicas. Antes da fala ou da escrita, a imagem surgiu como meio de comunicação e como mais uma forma de evidenciar a presença de algo ou alguém, sendo como magistral evidência disso as pinturas rupestres de há milhares de anos atrás.
O ser humano precisa de imagens para tudo na vida, precisa de “ver para crer”. Não obstante, há aquele eterno paradigma daquilo que é o real e daquilo que consta nos sonhos ou desejos. O belo, o agradável, aquilo que tenta chegar à utópica perfeição, é um dos objetivos da humanidade no que à imagem artística diz respeito. O que o homem sonha no seu estádio pleno de procura pela satisfação pessoal, naturalmente concerne às imagens que guiam a sua vida. Ora, o facto de “guiarem a sua vida” não é apenas uma tentativa de demonstrar a importância das imagens, é uma verdade pura que pode ser evidenciada na própria anatomia humana. Repare-se que todos os órgãos sensoriais principais encontram-se precisamente no mesmo local (na cabeça), rodeando os olhos, os mais importantes órgãos no que à interpretação de imagens diz respeito. A boca está abaixo dos olhos, pois o homem quer ver o que vai comer; o nariz situa-se entre a boca e os olhos, pois quer sentir os odores e ver de onde é a sua origem; os ouvidos localizam-se lado a lado com os olhos direito e esquerdo, pois quer analisar aquilo que ouve; e o mesmo acontece com as mãos e braços que são preênseis e surpreendentemente flexíveis para poder manusear e trabalhar objetos e imagens, mesmo ao nível dos seus olhos.
Todos os órgãos são deveras importantes neste processo, embora os olhos tenham um cargo superior. É que as imagens não têm somente de ser vistas, devem ser sentidas, localizadas e contextualizadas no meio envolvente para que, desse modo, o homem possa agir consoante as situações que lhe são diariamente impostas.
Regressando a Até ao Fim do Mundo, é de salientar a forma clara mas subtil como Wim Wenders trata estas e outras realidades num drama ficcional. Para o cineasta alemão, “o cinema é o único lugar privilegiado, no qual se pode narrar através de imagens“. Desenvolvido ao longo de quase uma década, o filme foi rodado em quinze cidades, sete países e quatro continentes. No elenco estão atores como William Hurt, Sam Neill, Max Von Sydow e Jeanne Moreau. Poder-se-á dizer que esta obra constitui uma verdadeira experiência estética para o observador. Por vários motivos. Mas antes de explicar porquê, mais pertinente será abordar, ainda que muito sucintamente, o tema da estética.
Em qualquer dicionário “estética” aparece como “filosofia da arte e do belo; ciência cujo objeto é o juízo de valores referente à distinção entre o belo e o feio; harmonia de formas e cores; beleza física. Visto desta forma, parece um pouco vago, uma vez que “juízo de valores” pode ser, desde logo, suscetível de múltiplas considerações. No entanto, na análise etimológica do termo, surge a palavra grega aisthetiké ou aisthésis que significa sensitivo, sensação, percepção. Ora, poder-se-á concluir que a estética coloca, em primeiro lugar, o homem como ser sensível às questões da arte, do belo, do gosto.
O termo diz respeito à filosofia, pois os pensadores refletiram sobre a beleza e a arte durante milhares de anos. Porém, este tema da estética só se tornou numa disciplina filosófica autónoma com Alexander Baumgarten e Immanuel Kant no século XVIII.
Retomando a obra de Wim Wenders Até ao Fim do Mundo, talvez seja interessante tentar compreender o porquê de ser considerada, por muitos, uma experiência estética. Para mim foi e, portanto, deixo aqui o desafio para (re)verem o filme. Talvez percebam a razão pela qual há coisas que não de explicam, sentem-se.
Com Até ao Fim do Mundo, Wim  Wenders foi acusado de incorporar aquilo que mais criticara na juventude: orçamentos e atores caros em filmes vazios. Tudo é discutível, dos valores monetários aos valores éticos e morais, considerando a multiculturalidade atual, sem nunca se conseguir chegar à unanimidade do certo ou do errado. Mas ter sido rotulado, durante algum tempo, de filme vazio, parece ser consequência desta tal confusão que não deixa ao homem parar para tomar consciência de cada experiência estética que vive, provavelmente, todos os dias.


   










05/08/2014

Autorretratos


Nas minhas (des)arrumações de férias encontrei uns trabalhos que fiz durante a licenciatura, os quais me deram um gozo tremendo fazer:


Autorretrato - Papel de parede bordado - 30x30cm 


Mosaico - 30 pontos bordados - 30x30cm

Luísa - Óleo s/b gesso s/b tela cartonada - 55x46cm



02/08/2014

"Bed" 1955

Em 2010 tive a oportunidade de visitar Nova Iorque e alguns dos mais emblemáticos locais de Manhattan.












 A visita ao MoMA aguçou a minha curiosidade em relação a uma obra específica...


Odeio a ideia de que uma pintura é um rectângulo que está fixo.
             Robert Rauschenberg
Robert Rauschenberg, Bed1955Combine Painting188x78,7cm


BED, 1955
A Cama de Robert Rauschenberg encontra-se no quarto andar do Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque, numa das galerias dedicadas tanto à pintura como à escultura.
A Cama é, literalmente, uma cama. Na sua estrutura física, visual e concetual.  Dentro de uma moldura de madeira lisa foi esticado um lençol branco, servindo de superfície tanto para indicar um colchão como para servir de tela à obra. Na parte superior da tela ou cabeceira da cama foi colocada uma almofada também branca. Uma colcha de retalhos dobrada ao meio ocupa dois terços da obra, desde a almofada até “aos pés da cama”. No topo a colcha faz uns drapeados, umas dobras para dentro e para fora, marcando uma linha ligeiramente diagonal. O padrão da colcha é modular, tipo patchwork, com quadrados e linhas de várias cores e com três barras lisas à volta, uma vermelha, outra amarela e outra vermelha. Saliento o facto das cores aqui referenciadas não serem as exatas, devido à forte possibilidade de terem desbotado.
Na Cama, Rauschenberg fundiu objetos do quotidiano com um certo gestualis­mo pictórico. A obra parece-me dividida em três partes ou secções mais ou menos iguais. A da cabeceira, a do corpo e a dos pés da cama. De cima para baixo, a primeira secção é também ela dividida por uma linha horizontal que atravessa a almofada. O topo está riscado com vários traços a lápis em todas as direções. A secção do meio foi “palco” de muitas intervenções: da modelação da colcha, das pinceladas de tinta de várias cores (azuis, castanhos, vermelhos, verdes, amarelos, pretos e brancos), dos escorridos de tinta branca e vermelha, da textura… A secção de baixo ainda salpicos de tinta branca remetem para várias leituras.
A cama está remexida, entreaberta, proporcionando uma narrativa ao observador. A Cama não sendo cama, não deixa de estar associada ao sono, aos sonhos, à doença, ao sexo, aos momentos mais íntimos da vida.

Pintura diz respeito tanto à arte como à vida… Eu tento atuar nessa lacuna entre as duas.
Robert Rauschenberg

Para Robert Rauschenberg a pintura relacionava-se com a arte e com a vida, por isso procurou agir sempre entre estes dois polos. Talvez a história da Cama de Rauschenberg seja verdade: certo dia ao acordar com vontade de pintar, sem dinheiro para comprar telas, decidiu “pintar a manta”. Usou tinta, lápis, até mesmo pasta de dentes e verniz das unhas. Talvez a colcha da Cama de Rauschenberg tenha sido mesmo um objeto do seu uso quotidiano, tornando a obra pessoal e íntima como um autorretrato. Assim, mesmo tendo perdido a sua função, talvez ela ainda possa estar relacionada com a intimidade de Rauschenberg. Mas é apenas um “talvez” no mundo das possibilidades.